quarta-feira, 21 de setembro de 2011

GEOMETRIA E DEFICIÊNCIA VISUAL


Imagino que trabalhar a visualização da geometria com alunos portadores de deficiência visual deve ser uma tarefa desafiadora, pensando nisso, comecei a pesquisar sobre as possibilidades pedagógicas que auxiliam nesse processo. Encontrei uma pesquisa que dá enfoque ao uso do corpo para a compreensão dos conceitos matemáticos a partir da orientação e mobilidade, pois o deficiente visual pode trabalhar desde cedo sua percepção espacial se locomovendo em público e ainda desenvolver técnicas para uma vida independente.
De acordo com Brandão (2006), é possível relacionar atividades cotidianas de alunos deficientes visuais fazendo uso conjunto de técnicas de orientação e mobilidade com conceitos de Geometria Plana, de modo que o conhecimento adquirido com o próprio corpo venha a ser abstraído. Nesse sentido, Gândara (1994) afirma que o conhecimento geométrico adquirido com o corpo pode ser abstraído por meio da dança, assim, por meio da repetição de passos e movimentos corporais e sintonia com uma música é formada uma consciência rítmica.
Antes da formalização, os conceitos são apresentados gradativamente, como por exemplo: a idéia de ângulo. Começamos com braço–cotovelo–antebraço. Em seguida a ampliamos para o ato de virar à direita ou à esquerda (tipos de ângulos) e assim sucessivamente. Seguem abaixo algumas técnicas de orientação e mobilidade com as respectivas ilustrações geométricas (que não são únicas):


Formação de Conceitos – Esquema Corporal:
Construir o conceito da imagem do próprio corpo pela inter-relação indivíduo-meio, identificando as partes do corpo que serão usadas no ensino das técnicas básicas de Mobilidade: a altura da cintura, cabeça para cima, pé direito, etc.
Geometricamente: Podemos inserir a idéia de ângulo: braço-cotovelo-antebraço. Destacamos também a idéia de interseção de reta e plano quando relacionamos um pé contido no piso (plano) e respectiva perna (reta).

Objetos Fixos:
Familiarizar-se com objetos fixos e suas características como ruas, meio fio, pontes, casas, paradas de ônibus entre outros que podem servir como referência.
Geometricamente: Relacionar alguns desses objetos referenciais como pontos (parada de ônibus, uma casa específica, etc) contidos em uma reta (rua dada). Interseção de retas (encontro de ruas) bem como posições relativas de retas (ruas paralelas, perpendiculares, etc).


Diante do exposto, cabe questionarmos a formação dos professores que vem recebendo alunos deficientes visuais em suas escolas, uma vez que é importante reconhecermos o papel do professor como agente do processo diagnóstico e encaminhamento da criança com necessidades especiais.
Naturalmente, os professores devem organizar e proporcionar atividades integradas com alunos das diferentes séries existentes na escola, com o intuito de uma efetiva inclusão desse aluno, sobretudo contribuir para a conscientização da comunidade escolar em relação as suas potencialidades visando também um trabalho conjunto com a família. Mas, é isso mesmo que vem ocorrendo em nosso atual modelo educacional?

Referência: BRANDÃO, Jorge Carvalho. Matemática e Deficiência Visual.
Disponível em: http://www.sbem.com.br/files/ix_enem/Minicurso/Trabalhos/MC70257566368T.rtf.
Acesso em 21/09/11

2 comentários:

  1. Muito interessante este material que você nos trouxe Wivian. A "percepção espacial" quando se fala em deficiência visual assume uma outra proporção na aprendizagem matemática/geométrica. De fato, quando você questiona como tem ocorrido essa inserção/inclusão do aluno com deficiência visual na escola,cabe realizarmos uma reflexão. De que forma tem ocorrida essa "inclusão"? Em Goiás, por exemplo, até pouco tempo atrás, as salas que recebiam alunos com necessidades especiais contavam com a presença de um professor de apoio que acompanhava esses alunos (atualmente as escolas não têm contado com esse professor de apoio). Neste sentido, é fundamental compreender o que tem sido chamado de inclusão: seria apenas a inserção destes alunos na escola regular ou seria a interação deste aluno com a sociedade a partir de sua atuação na escola? A verdade é que muito tem-se criticado a forma como essa "inclusão" tem ocorrido. Ainda, focando os aspectos que você levantou em relação ao ensino de matemática/geometria, poderíamos dizer que nas escolas de ensino básico, essas técnicas e práticas para que o aluno com deficiência visual consiga abstrair determinados conceitos têm sido adotadas? Você, professor do ensino básico, que conta com a presença de algum aluno com deficiência visual, ou com alguma outra especificidade, como esse processo tem ocorrido? Por que? Este, com certeza, é um tema muito rico a ser debatido, principalmente em relação ao ensino de matemática.
    Obs: sempre que trouxer a transcrição exata de qualquer trecho de outro texto, indique a página e siga a formatação indicada para citação.

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  2. Apenas complementando. As escolas que contavam com a presença do professor de apoio até o primeiro semestre, e que atualmente não tem contado mais são as escolas da rede estadual.

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