quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sobre sombras e espaço

Olá colegas!

Ao refletir sobre o ensino de Matemática e particularmente às questões que concernem à Geometria, recordei-me de um texto de Anna Regina Lanner de Moura[1], “Medindo a sombra”, em que a autora relata o desenvolvimento da ciência a partir das relações estabelecidas entre o Homem e o espaço. Estabelecer um link entre as ideias propostas pela cientista em Educação e a práxis dos professores de Geometria permitiu somar à discussão as contribuições de LORENZATO.

A necessidade de se estabelecer no espaço em que vive, talvez tenha levado o homem a intervir neste espaço no sentido de compreendê-lo e transformá-lo para melhor se acomodar. O advento do tijolo, por exemplo, representou a construção de uma “unidade de espaço” (LANNER). Como não oportunizar aos educandos esta noção primária de geometria?fazer uso de uma lousa (plana) para expor elementos concretos como uma unidade de espaço permite aos alunos “ver” de fato em três dimensões? Seria mais adequado, talvez, outro sentido como o tato para perceber a tridemensionalidade do espaço. O poderia desencadear o entendimento acerca dos sólidos geométricos, suas características e as relações métricas, deles derivadas.

As aferições de sombras segundo a autora permitiram ao homem a percepção “de uma ordem externa” que lhe possibilitou além verificar as regularidades do tempo, por meio de construções literalmente geométricas – tangentes e bissetrizes – mensurá-lo. Remeto-me então à sala de aula questiono se não seria possível inspirar-se em situações similares para investigar, e talvez gerar mais significado a conceitos relativos à Geometria. Conteúdos como semelhança de triângulos, quase sempre ensinada por meio de definições, suposições e exemplos poderiam ser abordados à luz do sol? num evento que eleve o educando a uma situação de sujeito ativo na construção do conhecimento?

Refletir sobre questões que permeiam a práxis pode, de certa forma, alargar as possibilidades da docência, desde que somada à boa vontade e autonomia dos professores de Matemática. Repetir experiências simples dos primeiros pensadores, ou ao menos narrar fatos geradores de conceitos geométricos, podem além de estimular a aprendizagem como dar ao ensino da Geometria uma maior dinamicidade e significancia.



[1] Docente da Faculdade de Educação da UNICAMP

Um comentário:

  1. Marco, gostei muito de sua postagem. Você tem um poder de síntese e articulação muito boa. Senti falta de você indicar as referências bibliográficas.

    ResponderExcluir